O caminho estava cercado por fadas
Fadas e flores
Flores e abelhas.
Ela cheirava pólen, ela cheira a pólen.
Ela...
Voava! Batia as asas sofregamente.
Puro prazer, sabia.
Missão, vocação, natureza.
Natureza...
Ah, suspiros encheram o vento de inquietações,
Inquietações gostosas, daquelas que fazem cócegas.
E então?
E então ela não sabia.
Sentia, voava, beijava as flores, ouvia as fadas.
Apostava corrida com as borboletas.
Desistiu de ter medo.
E, com a terra, as plantas todas, os solos misturados,
Os minérios, os minerais, os olhos d’água,
As línguas e os idiomas, os sabidos e os não-compreendidos,
Floresceu esplendorosamente mágica.
As fadas:
Três desejos.
Antes de dizer, experimentou. Sentiu.
Os sons todos. Memórias não-vividas explodiam.
Borbotões.
Borboletões.
Quero amar.
Arco-íris. Curvas, curvas,
Contornos, as montanhas caucasianas,
Os montes de fenos, os pastores,
Mais flores, dança de fadas.
Quero continuar voando.
Oh, o pólen.
Que delícia o pólen.
As vilas, a sabedoria, os xamãs,
Os tempos sem verbo, os verbos além dos tempos.
No princípio era o Verbo, por si mesmo princípio,
Verbo principal da conjugação primordial.
Quero sempre ser. Ser sempre. Ser.
A partir de hoje, princesa.
Colméia cheia de células,
há as escuras que guardam as sombras,
e as muito claras que guardam os desejos mais impossíveis.
E as de todos os dias, aconchegantes.
Beba do néctar,
Banhe-se em pólen.
Vente-se. Reinvente-se.
Voe. Vá, venha. Viva.
Sempre.
As flores. As fadas.
Os desejos sonhados zunidos
Ao ouvido muito atento.
O arco-íris apontou, uma vez mais,
O caminho.
Mágico esse caminho...
Cercado por fadas e flores e abelhas.
Quantas delas!