segunda-feira, 2 de junho de 2008

Estrelas. Cristais. Flores que viram árvores.



Ainda não vi os cristais que dizem brotar nas árvores durante o inverno, mas creio ter ouvido estrelas.


Certo perdeste o senso, repete o amigo do amigo do amigo do poeta, alguém que não entende bem das coisas.
Dos cristais.
De garoa.
De epifanias.



Estrelas de Belém, estrelas de Hebron, estrelas dos profetas. Persistentes, sobreviventes. Como as flores nos jardins cercados por muros e arames e fuzis e rancores.



Últimos dias de fortes emoções.
Coração estrelado estraçalhado ainda apaixonado, não se sabe se correspondido em igual medida, mas quem precisa saber? Sentir, isso sim.


Coração estrelado humilhado pelo olhar arrogante e sarcástico dos assentados judeus que caminham, provocadores ostensivos, pelas ruelas do centro velho de Hebron. Choro por vocês, ó fanáticos cegos-surdos-escandalosos.


Coração estrelado indignado dançando e cantando sambinhas diante de estarrecidos soldadecos israelenses pretensos protetores da ordem e dos costumes ultra-ortodoxos dos fanáticos que vivem nos assentamentos.


Câmeras na mão, quantas flores brotando no coração. Dois fuzis apontados para mim. Mas o punho firme não deixou a imagem esmorecer. Registro. Intimidação. Brasil 1 X 0 Israel. Ufa, dessa vez escapei.


Ah, ora direis ouvir estrelas...
Porque os cristais das árvores invernais só são descobertos quando os sussurros da alma são ouvidos. Preciosidades, joinhas, epifanias.


Árvores começam broto, broto nasce semente.
Tenho muito chão e muita semente pela frente. Mas me emociono ao olhar para os jardins que venho encontrando, que venho deixando, que tenho ajudado a capinar. Quanto broto, meu Deus.


Ora, dirás, virão árvores cheias de cristais... Certo perdeste o senso, mulher!

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