O autor é o Ivan, bonitão e fofíssimo. A foto foi tirada em meu bota-fora.
A SAUDADE
Muda de pedras
vivo do desfeito
e do esvaído que colhem as minhas mãos
Nessa areia
muitas vezes movediça
grão trás grão
forma-se a argila agridoce do meu tempo
O que me demove é apenas o simples
ardor do impossível
já que sou eu mesma
resgatando minhas canções
de vísceras e epifanias
e é no vento que minha dança se inspira
pra arrastar até o esquecimento
as fronteiras da minha ciranda
Não tenho lugar
e nem posso:
onde brota a raiz primeira que a lágrima semeou?
meu ofício é extirpar ausências
em balaios abarrotados de séculos
que me veneram
Meu paradigma é a razão do Divino
não busca o que foi
mas o que poderia ter sido
E como imortal
o maior prazer que tenho
é servir de altarpara a rendição
(para Maria Fernanda, madrugada de 9 de junho de 2008)